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EU E O MONT SAINT-MICHEL 3: RECONHECIMENTO

  • Foto do escritor: Alexandra Mettrau
    Alexandra Mettrau
  • 29 de jul. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 20 de abr. de 2023


Desperto no dia seguinte, ainda encantada após minha primeira experiência no Mont Saint-Michel. Hoje o visitaremos novamente, desta vez chegando mais perto do céu, para encontrar o Arcanjo em sua abadia.


Com alguns quilômetros de caminhada pela frente, melhor aproveitarmos bem o café da manhã. Ovos, torradas, queijos franceses, geléias, croissant! Alegria invade o nariz e preenche a boca, transbordando deslizante em direção ao estômago. Como diria meu pai: “comi como um nobre francês!” Energizada e curiosa, estou pronta para o tão aguardado encontro!


Ao sair da pousada, lá está ele, majestoso no horizonte, imponente, eterno! O mesmo de ontem, ainda assim, tão diferente! Sob a luz do dia, novas nuances surgem e ele se revela um pouco mais, me chamando. Sim, já vou!


Começamos a caminhada, sempre acompanhadas de sua onipresença. Ao longo do caminho, flores, plantações, tudo vai se destacando e embelezando a jornada. Nada nos desvia, nosso objetivo nos acompanha, quase posso senti-lo caminhando ao nosso lado, apesar de sua imponente permanência.


Mesmo à distância, tonalidades de amarelo pintam os acinzentados de ontem, um azul radiante envolve todo o ambiente, nos conectando e diminuindo a distância entre nós, e, incontáveis verdes surgem no encontro dos pastos e plantações com a ondulante maré que já começou a baixar, refletindo, aqui e acolá, areias e prados que se bronzeiam.


O brilho do dia sobre o mar vai me levando. Começo a perceber, intrigada, pessoas à beira d’água. Que incrível! Conforme a maré baixa, as pessoas vão explorando as areias que secam ao redor do Monte! Por mais que eu soubesse dessa maré que esvazia tanto, ver as pessoas passeando cada vez mais longe, é surpreendente! E ainda é de manhã, A maré ainda vai vazar muito! Eu também quero sentir essas areias sob meus pés! No entanto, ainda é cedo, seguimos para a abadia.


A chegada aos portões me deixa abalada. Entramos, subimos. Passamos como se fosse a primeira vez pelas ruas que percorremos ontem. Tudo encanta, tudo chama a atenção: a bela igreja no meio do caminho, com Joana D'Arc protegendo sua entrada; esculturas de Madonas e de Saint-Michel em nichos escondidos pelas vielas; pássaros e flores emoldurando as fachadas.


Haja pernas! Haja fôlego! Que subida! E as escadarias da abadia? Devagar e sempre, para não cansar. Gaivotas chegam bem juntinho, posando para fotos, na esperança de migalhas de biscoitos.


Entramos. Ingressos comprados, inicia-se a jornada ao interior da abadia. E poderia ser só isso, mas o que eu vivi foi uma jornada ao interior de mim mesma. Sensações, emoções, um turbilhão de sentimentos misturados: alegria, reconhecimento, nostalgia.


A bela e simples construção, sem muitos adornos, convida à introspecção. À esquerda, uma porta leva a um pátio exterior. Saio por ela e me desfaço em pranto. Uma emoção tão funda, reverente, agradecida! Alegria e familiaridade. Reconhecimento? Talvez. Se você acredita que passamos muitas vezes pela Terra, em diferentes encarnações, vai pensar que eu voltei a um lugar onde já vivi em uma de minhas vidas anteriores. Eu também pensei isso. Mais do que pensar, eu senti isso. Mas não posso e nem acho necessário fazer esta afirmação. Posso sim, dizer que, de todos os lugares que fui, este foi o que mais me emocionou. Não tive nenhuma visão, como se eu tivesse “lembrando de uma vida anterior”, não pensei: “por este terraço eu caminhava em minha encarnação de monge medieval da abadia de Saint-Michel na Idade Média”. Não, muito pelo contrário! Não sinto nem um pouco que eu tenha sido um monge desta abadia. Mas eu sinto que sou conectada a ela e a este lugar de uma maneira muito forte, muito maior do que qualquer lógica possa explicar. Me senti em casa e pensei que essa visita, nesta vida, já me basta. Quero sim, voltar aqui se eu tiver a oportunidade, mas sei que já vivi o que, sem muita consciência, esperei por tanto tempo, o que se fez sentir como um forte desejo desde que ouvi falar neste lugar pela primeira vez, lá pelos anos 80, quando eu era uma adolescente e a simples ideia desta viagem me parecia impossível. O que me confirma a forte conexão que senti, a familiaridade, a sensação de reconhecimento? Não consigo dar uma razão, mas, de todos os documentários de locais extraordinários que vi ao longo da minha vida, porque este nunca saiu da minha cabeça e os outros sim? Tem algo que transcende o simples conhecimento, algo que está no coração e isso, vai muito além do que podemos explicar pela cabeça, mas que existe e muitas vezes é mais forte do que qualquer outra coisa. Neste caso é. Se eu nunca tivesse ido ao Mont Sait-Michel, talvez eu não tivesse essa certeza, mas eu fui e lá eu confirmei: eu conheço isso aqui, eu e este lugar pertencemos um ao outro, agora eu sei. E isso nunca mais vai sair de mim.


IMAGENS:

Vídeo por Marcelo Guedes com fotos por Mônica Motta - Eu e Heloisa fotografando Saint-Michel no pináculo

Fotos por Alexandra Mettrau








 
 
 

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