EXORTAÇÃO A ENDEUSE-SER
- Alexandra Mettrau
- 19 de mai. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de mai. de 2022

Eles esperam.
Incansavelmente esperam.
Por largo tempo se mostraram, ensinaram, nos guiaram.
Nossos progressos celebraram,
Nossos erros lamentaram,
Nossas perfídias perdoaram.
Sempre à espera.
De suas mãos muito recebemos,
Sob sua orientação aprendemos.
Controlamos o fogo, criamos a roda, domesticamos os animais, cultivamos a terra.
Quando crianças pequenas, disputamos nossos brinquedos: a caça; o abrigo; o espaço,
Recebendo e respeitando Seus limites e ensinamentos.
Como pais orgulhosos, felizes nos acompanhavam.
Quando adolescentes, questionamos, testamos, desafiamos, cobiçamos.
Deles nos afastamos buscando autonomia.
Pequenas conquistas, grandes erros,
Muitos aprendizados,
Emancipação.
Nos sentimos livres, independentes.
Os esquecemos, abandonamos, rejeitamos.
Como pais amorosos, nos respeitaram, acompanhando e observando.
Porém, se retiraram, e se calaram.
Desde então, observam.
E esperam.
Incansavelmente esperam.
Veem a humanidade se desenvolver,
Como adultos,
Em luta por sua própria existência,
Produzindo conhecimento, consciência.
Criando, mas também destruindo.
Hoje: adultos, autônomos, independentes,
O que aprendemos?
Continuamos disputando, cobiçando, destruindo.
Têm razão os deuses em nos amaldiçoar, se quiserem.
No entanto, ainda esperam.
Incansavelmente esperam.
Esperançosamente esperam.
Lograremos alcançá-los?
Humildemente envergonhada,
Bravamente esperançosa,
Eu,
Reverentemente,
Confio que sim.
Alexandra Mettrau
Rio de Janeiro, 19 de maio de 2022
Poema inspirado no filme Parthenon, de Costa Gravas, com a poesia The Curse of Minerva, de Lorde Byron, refletindo minha indignação, tristeza e impotência com os acontecimentos mundiais e a guerra na Ucrânia, mas também a existência viva de minha esperança na evolução da humanidade.
IMAGEM: Minerva or Pallas Athena - Gustav Klimt

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